sábado, 12 de outubro de 2013

Capítulo 16 – Refúgio

                                                               Justin P.O.V

(...)

Estávamos no camarim. Cerca de 10 minutos o show começaria. Sel brincava com suas mãos, distraída. Scooter me fitava, sério.

 Façam tudo como o combinado. Se vocês se comportarem como fizeram até chegarmos aqui, está ótimo.

Bufei, torcendo o nariz para Scooter. Sel me olhou, sorrindo, mas sem confiança nenhuma. Olhei em meu relógio os minutos passarem.

 Vamos, Bieber. – Scooter chamou.

Coloquei as mãos sobre o joelho, e levantei. Saí do camarim, passando pelos corredores do backstage e chegando a coxia. Scooter assentiu, querendo dizer que chegara a hora. Assenti, comprimindo os lábios e entrei no palco. A histeria começou. Agradeci, e o show começou.

Tivemos um intervalo de 15 minutos. Abriríamos a próxima parte com Overboard. Sel pulava deixando os braços soltos para se aquecer. Apenas bebi minha água e fiquei sentado, refletindo. Scooter abriu a porta avisando que já estava na hora. Sel me olhou. Pisquei para ela, tentando fingir confiança. Entrelaçamos nossas mãos e caminhamos assim até chegarmos à coxia. Soltei a mão de Sel, pois ela entrava primeiro. Scooter pôs-se ao meu lado, aproximando seu rosto de meu ouvido direito.

 Pelo menos finja que está feliz. – Resmungou.

 Ah, claro. Me desculpe. – Sorri amarelo. Andei para o palco, era a parte do refrão.

Enquanto cantava minha parte sozinho, Sel me rondava, dando sorrisos. Eu apenas a olhava pela visão periférica. Refrão novamente. Puxei-a pela cintura, colando nossos rostos. Encostei nossos narizes, e passei as costas de minha mão sobre sua bochecha. Sel pareceu estremecer, mas sorriu. Tirei minha mão de sua bochecha, e procurei pela sua, para entrelaçarmos. Entrelaçamos nossas mãos, e as deixamos assim até a música acabar.

Sel saiu do palco, mas as fãs continuavam em choque, pela apresentação. Continuei cantando, fingindo estar tudo bem. Scooter deveria estar contente com a reação das fãs. Terminei o repertório. Todos fomos para o meu camarim.

 Amanhã a imprensa já estará comentando sobre o show de hoje! – Comemorou Scooter. – Por que não vamos a Starbucks comemorar? – Indagou, feliz.

 Ahn... Eu vou pra casa. Já tinha marcado de sair com mamãe. – Disse Sel, sorrindo para encobrir a mentira.

 E eu vou sair. – Disse em alto e bom som para todos ouvirem.

 Aonde você vai? – Perguntou Scooter, de repente ficando sério.

 Sair.

 Só não acabe com o que mal começou. Isso ainda pode lhe render muitas coisas boas, Bieber. Só faço isso para o seu bem. Não seja estúpido.

 Que bom que você quer meu bem. – Ironizei levantando.

Peguei a chave do carro no balcão do espelho e saí da sala. Caminhei até a garagem. Abri a porta, entrando e ligando o carro. Sel vinha correndo. Deixei o carro esquentando enquanto a esperava chegar. Abaixei o vidro.

 Eu me sinto tão mal quanto você. Mas ficar nessa situação não vai resolver nada. – Disse Sel. Assenti. Ela colocou suas mãos em minhas bochechas, aproximando seu rosto, e me dando um selinho estalado. – Pense nisso. – Deu uma piscadela e foi embora.

Fiquei estático, pensando no que Sel fizera. Mordi meu lábio inferior. Talvez aquela situação não fosse tão ruim quanto eu pensava. Eu tiraria um proveito daquilo, já que Sel me dera liberdade pra isso. Sorri com meus pensamentos, e dei a ré, saindo da garagem.


                                                          Lindsay P.O.V


Estava deitada no sofá, assistindo a TV, passava Friends. Bocejei. Abri os olhos, e vi uma sombra na porta. Fiquei de pé num pulo. Minha respiração acelerou com o susto. Era Justin. Abaixei os braços batendo nas laterais de minha coxa. Argh. Todo dia agora seria isso?

 O que você faz aqui? Apesar de ter a chave, saiba que aqui não é sua casa, e você não pode entrar a hora que bem entender. – Grunhi.

 Somos amigos, certo?

 E o que isso tem a ver? – Indaguei, ainda séria.

 Precisava de um consolo. – Disse Justin, fazendo beicinho.

 E você me procura pra te consolar? – Perguntei, vincando a testa, confusa.

 Você é a única amiga que eu tenho por perto.

 Não sabia. – Suspirei, me sentando.

Pela visão periférica vi Justin largando seu mói de chave sobre o criado mudo, e vindo sentar ao meu lado.

 Licença. – Disse ele, deitando, e colocando sua cabeça sobre minhas coxas. Os fios de seu cabelo roçaram em minhas coxas fazendo cócegas. Sorri pelas cócegas, e Justin viu. – O que foi? – Perguntou, me fitando.

 Ahn... O episódio. – Desconversei, apontando para a TV.

Justin virou, ficando de lado para ver a TV. Senti sua mão direita encostar-se a minha panturrilha. Aos poucos sua mão foi subindo e descendo devagar, fazendo carícias e me deixando arrepiada. Me mexi, desconsertada.

 Você sente cócegas? – Perguntou Justin, virando para me olhar.

Abaixei meu rosto, fitando seus olhos.

 Às vezes. – Dei de ombros.

 Será que são só cócegas mesmo? – Perguntou, passando sua mão novamente por minha panturrilha.

 Sim. – Tentei afirmar, fechando os olhos.

 Então porque você está tremendo?

Senti Justin se mexer, mas não abri os olhos. Sua respiração batia contra minha pele. Estremeci pensando. A senti perto de minha jugular. Suspirei pesado. Seus lábios encostaram-se a meu pescoço, dando leves beijos, e procurando por minha nuca. Virei meu rosto para a direita, deixando minha nuca em seus lábios. Sua língua encostou-se à cervical, fazendo-me estremecer por inteira. Apertei minhas unhas contra a palma de minha mão, tentando manter o controle, mas estava ficando impossível. Procurei pelo final de sua blusa, a levantando, mas ainda de olhos fechados. Arranhei sua barriga, e senti seu corpo se contrair. Justin passava sua língua por minha orelha, e depois mordia a cartilagem de leve. Encolhi meus ombros, me contorcendo. Ele soltou uma risada abafada em meu ouvido.

 Você é o meu refúgio. – Disse, beijando meu pescoço.

 Não acredito em você. – Respondi, com a voz farfalhando.

 Mas deveria.

 Então demonstre. – Pedi.

Justin levantou-se, puxando minha mão. Levantei. Ele caminhou de costas, e eu o acompanhei, curiosa com o que ele faria. Entramos em meu quarto.

Empurrei Justin para a parede, pressionando meu corpo ao seu. Ele ofegou, pego de surpresa. Mas depois sorriu, descaradamente. Desci minha mão até seu membro, que por sinal estava ereto. Aproximei meus lábios, juntando-os aos seus úmidos.

 Não é tão fácil me levar pra cama, Bieber. – Provoquei, apertando seu membro.

Justin fechou os olhos, engolindo em seco, e deu uma risada abafada.

 Eu não quero te levar pra cama. – Disse ele, não me convencendo.

 Ah, não?

 Eu quero te convencer a ir pra cama. – Completou.

 Humm...

Levantei sua blusa, e a tirei. Arranhei seu abdômen. Justin deu um gemido censurado. Ergui uma sobrancelha. Justin abaixou as alças da jardineira que eu vestia, e me empurrou. Eu já sabia onde cairia. Minha queda foi amparada pelo colchão. Deslizei meu corpo, cama a cima, colocando minha cabeça sobre o travesseiro. Justin sentou-se na beira da cama, e caminhou com seus dedos por minha perna esquerda, indo até meu umbigo. Sem alças, ficou fácil de Justin tirar o short da jardineira. Sentei, tirando minha blusa. Lá estava eu, só com as roupas íntimas. Justin levantou da cama, tirando sua calça, ficando apenas com a boxer vermelha. Ergui uma sobrancelha, avaliando seu membro, mesmo por baixo da boxer. Ele sorriu, malicioso, e se pôs em cima de mim. Nossos lábios se tocaram. Envolvi seu pescoço com pressa, entrelaçando minha mão em seus cabelos, e segurando com força. O beijei com uma necessidade desconhecida. Eu tinha uma sede a ser saciada.

Justin desgrudou nossos lábios, e desceu, beijando meu pescoço. Seus lábios percorreram meu copo até abaixo de meu umbigo. Suas mãos puxaram minha calcinha, fazendo-a sair por meus pés segundos depois. Suspirei. Os lábios de Justin percorreram minha perna acima, chegando ao ponto central. Arregalei os olhos, fitando o teto, e arquejei. Era um prazer surreal. Eu nunca sentira aquilo, não havia nada que pudesse ser igualado. Era descomunal. Talvez fosse um purgatório de prazer. Arquei minhas costas com o aumento de prazer. Me contorci, apertando o lençol e mordendo o lábio inferior. Justin colocou seu dedo indicador e o médio dentro de mim, fazendo movimentos calmos, mas precisos. Ardia, mas era uma ardência prazerosa. Minha respiração saía mais pesada do que antes. E então eu soube o que significava a palavra orgasmo. Aos poucos minha respiração voltava ao normal. Apertei meus olhos, e os abri. Justin sorria, com uma expressão inocente no rosto. Retribuí o sorriso com minhas bochechas ardendo. Senti a calcinha ser devolvida a meu corpo. Pigarreei. Justin desabou na cama, pondo sua cabeça em cima de meus seios.

 Antes de ser amor, tem quer amizade, e acho que nós já passamos por essa etapa, mesmo que ela tenha sido conturbada. – Disse Justin, quebrando o 

 Ahn? – Perguntei, confusa.

 Lindsay, quer namorar comigo? – Justin perguntou, sentando-se na cama, e me fitando.

 Como? Você já tem namorada, esqueceu? – Disse eu, perplexa.

 É uma jogada de marketing, apenas.

 Mas ainda assim você tem namorada, e ela é famosa. Nós não podemos sair por aí simplesmente abraçados sem que digam que você está traindo sua namorada.

 Podemos sair abraçados, sim. Amigos andam abraçados. E não precisamos nos beijar na rua. Deixei isso entre as quatro paredes. – Gargalhou.

Sentei também.

 Eu não sei. – Abaixei a cabeça, pensativa.

 Apenas diga: eu aceito. – Disse Justin, erguendo meu queixo.

 Mas...

 Esqueça o que falarão a respeito. Daremos nosso jeito. Eu apenas preciso que você aceite.

 Mesmo? – Perguntei, ainda em dúvida.

 Mesmo. – Assentiu, confirmando.

 Eu aceito. – Ri fraco, e o abracei.

Justin afagou meus cabelos, e pude ouvir seu riso também fraco próximo de meu ouvido.

Abri os olhos, e vi Justin dormindo abraçado comigo. Fechei os olhos, e pensei no que acontecera. Lembrei então que estávamos namorando, e que Justin dormira aqui. Suspirei. Tirei seu braço de cima de minhas costas com cuidado, e o coloquei na cama devagar. Deslizei pra fora da cama tentando não fazer nenhum barulho e fiquei de pé. Caminhei até o banheiro. Me despi, entrando no Box. Abri o registro, deixando a água morna cair sobre meu corpo relaxado. Terminei o banho, me enrolei na toalha branca, voltando para o quarto. Entrei no closet. Peguei uma calça jeans escura, uma blusa branca de mangas médias e uma sapatilha com tecido cinzento aveludado. Me vesti, e calcei a sapatilha. Voltei ao quarto. Justin ainda dormia. 

Estendi a toalha no banheiro e fui para a cozinha. Preparei um café com leite, e sentei-me ao sofá. A tv ficara ligada a noite toda, me surpreendi, pois ainda estava passando a maratona de Friends. Bebi um pouco do café com leite, estava delicioso. Umedeci os lábios saboreando-o ainda mais. Dei mais uma golada, mas cuspi tudo devido à cena de Friends. Passei as costas de minha mão sobre minha boca para secar o líquido meloso, e gargalhei sem censura. Minha barriga doía, e meus olhos lacrimejavam, mas ainda assim continuei a gargalhar. Sequei meus olhos. Justin vinha rastejando em direção a sala, com seus olhos entreabertos. Ops. Eu o acordara com minha risada escandalosa.

 O que é tão engraçado? – Resmungou.

 Friends. – Respondi, me recuperando do ataque de riso.

 Ah. Já tomou seu café da manha?

 Não, só bebi isso. – Ergui a xícara.

 Vou tomar banho e sairemos.

 Ok. – Respondi, dando de ombros.

Terminei de beber o café. Levantei e coloquei a xícara na pia. Mãos envolveram minha cintura por trás, e apertaram minhas costelas. Sorri.

 Vamos? – Perguntou Justin. Sua respiração batia contra a cartilagem de meu ouvido.

 Quem sabe se você me soltar. – Respondi.

Justin me soltou. Pegamos nossos respectivos móis com as chaves, e saímos.

 Onde estamos indo? – Perguntei, curiosa, quando o carro já estava em movimento.

 Preciso trocar de roupa. – Respondeu Justin.

 Por acaso sua mãe sabe onde você passou a noite?

 Ahn... digamos que ela sabe o necessário.

Ergui uma sobrancelha pensando o que Justin quis dizer com “o necessário”. 

Chegamos a um condomínio. Justin estacionou o carro em frente a uma casa laranja. Descemos do carro. Antes de chegarmos ao portão, Kenny vinha nos atender. Ele abriu o portão. Justin entrou como um foguete pela brecha escancarada.

 Olá, Lindsay. – Cumprimentou-me Kenny, sorridente.

 Oi. – Sorri de volta.

 Então quer dizer que Biebs dormiu na sua casa? – Senti algo travesso em sua pergunta.

 É... Ahn... sim. – Respondi, corando. – A mãe dele não sabe, não é?

 Não. Ela pense que ele dormiu aqui.

 Já começamos mal... – Pensei alto.

 Converse com ele. – Kenny deu uma piscadela.

 Tentarei. – Pus minhas mãos nos bolsos laterais da calça.

Justin voltou vestindo uma bermuda preta, e uma blusa roxa de mangas médias. 

 Valeu, Kenny. – Disse Justin, dando um toque de mãos com Kenny.

 Se cuida. – Disse Kenny. – Tchau, Lindsay.

 Tchau. – Sorri, acenando para Kenny.

Entramos no carro e saímos dali. Justin deixou seu carro num estacionamento público, e caminhamos até a Starbucks. Sentamos numa mesa na varanda, esperando o garçom vir nos atender. Sentei de um lado, e Justin do outro. Seu pé roçava em minha perna. Ri.

 Lembre-se dos paparazzi. – Avisei, olhando para os lados.

 Olá. – Ouvi uma voz feminina.

Voltei a olhar para o local onde Justin estava sentado. Selena sentava-se ao seu lado, pondo sua bolsa sobre a mesa, e sorrindo mesquinhamente.

 Desculpe, mas você não foi convidada. – Disse eu, ríspida. – E você não é bem vinda. – Complementei. 

 Ual. Quanta agressividade... – Disse Selena, sarcástica.

 Por que está aqui? – Perguntou Justin a ela, mas me encarando.

 Quis dar uma volta. – Respondeu, dando de ombros.

 Logo aqui? – Perguntei.

 Gosto daqui. – Respondeu ela, olhando o ambiente como se realmente gostasse. – E Justin agora é meu namorado, não se esqueça. – Sorriu.

Franzi o cenho, fuzilando-a com os olhos.

 Qual é, Justin, finja pelo menos que gostou da surpresa. – Disse Selena, incentivando-o.

 Como faço isso? – Ele a olhou, sorrindo.

 Me abrace, me dê de sua mão, coisas de namorados. – Respondeu, simplesmente.

Justin passou seu braço direito por sobre os ombros dela, e Selena acomodou-se, ficando aparentemente confortável. Tentei disfarçar o quanto estava chocada com aquilo, mas não consegui. Justin comprimiu os lábios, fitando a mesa.

 O que foi? – Indagou Selena, desentendida.

 Nada. – Dei de ombros. – Boa refeição. – Desejei, afastando minha cadeira da mesa e levantando.

 Aonde você vai? – Perguntou Justin, atônito.

 Não sei. – Respondi, sincera.

 Espere. – Pediu, dando indícios de que levantaria.

 Fique. – Ordenei. – Não esqueça que, sua namorada oficial é ela.

 Namorada oficial? – Perguntou Selena, confusa.

 Tchau, Justin. – Disse eu, me afastando deles.

Saí da Starbucks, procurando por um ponto de ônibus. Não demorou até achar um. Ao longe pude ver o ônibus se aproximando. Fiz sinal. Ele parou, e subi a pequena escada. Paguei a passagem, passando pela catraca eletrônica.

Dali o percurso até a casa de Mike era mais longo. Passei cerca de 30 minutos dentro do ônibus. Por fim chegara. Abri a porta, entrando e indo direto para os fundos. Mike bebia um drink, sentando numa espreguiçadeira. Ele me olhava, confuso.

 E aí. – Comentei, sentando-me na espreguiçadeira ao lado da sua.

Deitei, cruzando meus braços atrás de minha cabeça, e fitando o céu, com dificuldade.

 Já sei, aconteceu algo. – Disse Mike.

 Aconteceram tantas coisas nas últimas 24 horas... – Iniciei.

 Continue. – Disse, me incentivando.

 Estou namorando. – Olhei para Mike. Ele estava engasgando.

Mas conseguiu recuperar o ar logo.

 Bieber? – Perguntou, perplexo.

 Por que acha que é ele? – Perguntei, indignada.

 Por que ele é o único garoto que você sai no momento...?

 Pois é, é ele. – Respondi, assentindo repetidamente. 

 Mas e daí?

 Ele tem outra namorada. – Mike esboçou espanto. – Mas esse namoro é apenas marketing. – Completei, apressadamente.

 Marketing, mas eles sempre tiram um proveito da situação.

 Você não está ajudando. – Alertei.

 Desculpe, continue.

 Nós fomos tomar café da manha, hoje, na Starbucks, e essa garota apareceu lá. – Esbravejei. – Sarcástica, e pedindo para ele abraçá-la. Argh! – Cerrei os punhos com raiva. – Daí eles ficaram num love fake. Bom, eu saí de lá, né. Inacreditável. – Balancei a cabeça negativamente. – Mas preciso me conformar com isso. Essa é a realidade.

 Você não vai chorar, ou vai? – Perguntou, preocupado.

 Claro que não. Tenho motivos mais fortes pra chorar, e nem por isso choro. – Sentei, estendendo minha mão para pegar o drink. Mike o entregou para mim. Bebi um gole. Suco de abacaxi com hortelã. Sorri, com minha garganta refrescada.

Uma corrente de vento passou por minhas narinas, me causando ânsia de espirro. Prendi o ar, para espirrar, enquanto Mike caçoava de minha careta. Coloquei minha mão vazia a frente de meu nariz, e espirrei. Um líquido escorreu por minha mão, mas não era gosmento. Sua textura era leve. Abaixei minha mão, olhando-a. O líquido era vermelho. Aproximei-o de meu nariz, o cheirando. Era sangue. Franzi o cenho, olhando para Mike.

 Me deixe ver. – Ele pediu, pegando em meu pulso, e virando a palma de minha mão para cima. – Isso é sangue? – Indagou, preocupado. Assenti, confirmando. – Estranho. – Disse, avaliando minha mão, e logo após minhas narinas.

 Talvez seja a mudança de tempo. – Dei de ombros, despreocupada.

 Talvez. – Disse, com ar preocupado.

Permaneci na casa de Mike até a noite. Caminhei até a praça, pensativa. Estava mal iluminada, como sempre. Suspirei, pensando na forma como conhecera Justin. Ri comigo mesma. Balancei a cabeça negativamente, apesar dos pesares, nossa relação era engraçada.

Coloquei minhas mãos nos bolsos da frente da calça, e decidi ir andando para casa. Sempre gostei de caminhar quando queria refletir sobre algo.

O percusso foi longo, mas bom. Tirei o mói das chaves, e destranquei a porta. Girei a maçaneta, abrindo a porta.

Mesmo na penumbra, distingui algo sob o sofá. Fechei a porta, e andei até o sofá, dando passos sorrateiros, e com um olhar curioso. Acendi o abajur.

Era um buquê de rosas vermelhas. O peguei, e inalei aquele perfume doce das rosas. Entre elas havia um cartão. Não tinha remetente. Abri o envelope.

Desculpe por hoje cedo. Amanhã te recompensarei. Beijos, Justin.

Revirei os olhos, mas gostando do gesto de Justin.

Enchi um vaso que tinha a forma de um espiral com água, e coloquei duas coleres de sopa de açúcar. O açúcar faz com que as flores murchem lentamente. Coloquei as flores no vaso, e lembrei de algo que mamão costumava me contar sobre as flores, que elas tinham significado.

Papai sempre a presenteava com flores nos finais de semana. A cada final de semana era um buquê de espécies diferentes.

Fui para meu quarto, e liguei o notbook, conectando a internet.
Pesquisei primeiro sobre as flores que papai dava a mamãe.

Lírio - Casamento, pureza, nobreza, proteção
Begonia - Inocência, amor leal
Frésias - Proteção
Gérbera - Alegria, energia, amor nobre
Tulipa Vermelha - Amor eterno

E por último pesquisei sobre rosas vermelhas.

Rosa vermelha - Amor intenso, paixão

Comprimi os lábios, e me remexi sobre a cama, me sentindo desconfortável. Eu tinha quase certeza de que Justin não sabia sobre os significados.
Levantei os ombros, não me importando com isso, e desliguei o not.
Deitei, me cobrindo, e virando de lado. Dormi.

Senti um formigamento em minhas costelas. Me revirei na cama para amenizar essa sensação, porém ela continuou. Relutante, abri os olhos. O formigamento, na verdade, eram as mãos de Justin, que faziam cócegas em minhas costelas. Soltei uma risada rouca, enquanto Justin continuava a fazer cócegas em mim, com um sorriso brincalhão. Apoiei minhas mãos no colchão, sentando-me.

 Para! – Pedi ofegante, mas Justin continuou a fazer cócegas. O empurrei, fazendo-o cair deitado, e levantei depressa, correndo para o banheiro. – Vou tomar banho. – Gritei, trancando a porta.

Demorei no banho.

Fui para o closet. Vesti um short branco, uma camiseta verde escura e por cima um casaco preto, escrito GAP em cinza claro. Voltei ao banheiro, pendurei a toalha, escovei os dentes e penteei meus cabelos, os bagunçando em seguida para os fios ficarem soltos e secarem mais rápido. Ouvi um assovio vindo da sala. Fui até lá.

A mesa de jantar do lado direito, que poucas vezes era utilizada, estava cheia de guloseimas, laticínios, bebidas suculentas, entre outros. Justin sorria de orelha a orelha, atrás da mesa, orgulhoso de si mesmo. A única reação que esbocei foi de esbugalhar os olhos.

 Sente-se, por favor, senhorita. – Disse Justin gentilmente, indicando com a mão a cadeira a minha frente.

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